"Portugal Também é Terra" é um filme que mergulha na negritude portuguesa, resgatando as vidas e histórias que compuseram a presença negra em Portugal e revelando como foram sistematicamente apagadas da memória coletiva da nação. Em Portugal, raramente se associam corpos negros à sua identidade cultural, e a sua africanidade é frequentemente negada. Este filme propõe-se a escavar essas camadas esquecidas, explorando as profundas conexões entre o passado e o presente.

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Guiado por um narrador nascido na periferia de Lisboa, o filme conduz o espectador através de uma viagem que alterna entre a narrativa histórica e a identidade contemporânea, recorrendo a metáforas artísticas para refletir a riqueza e complexidade dessa herança. Temas como a escravatura, a inquisição, o Vale do Sado e a definição do que significa ser português tornam-se o ponto de partida para repensar a portugalidade, incluindo a africanidade como parte integral dessa história.

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A narrativa é ancorada nas vidas de três personagens afrodescendentes: Jesualdo, Tânia e Sofia. Cada um traz à tona dimensões únicas da experiência afrodescendente em Portugal. Jesualdo, gay e negro, explora a interseção entre raça e sexualidade; Tânia, mulher e mestiça, reflete sobre as dinâmicas de género e identidade; e Sofia, lésbica, apresenta uma perspetiva que enfatiza a hibridez das identidades, questionando noções fixas de pertença cultural. Através das suas histórias, o filme reflete sobre a escola, o lar, as amizades e a importância da interseccionalidade para compreender as realidades afrodescendentes e o que nos devia aproximar a todos enquanto seres humanos.

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O título "Portugal Também é Terra" sublinha a ideia de que Portugal é também terra de negros, e convoca uma urgente reflexão sobre a definição de portugalidade. Esta redefinição deve abraçar uma africanidade que, embora negada, sempre fez e continuará a fazer parte da história do país.